segunda-feira, 30 de março de 2009

Para quem tem vista plena

Era domingo. Véspera de prova, mil coisas pra estudar; Estava de TPM, havia muitas situações para chorar e xingar, e muitas barras de chocolate para comer. Até aí tudo normal. Foi então que eu abandonei os cadernos e resolvi entrar no Orkut. Normal, também.
Só que no Orkut figurava um scrap novo, de um amigo me convidando para a apresentação do seu grupo de teatro. Combinei com minha mãe e saí para assistir o espetáculo, de ônibus, uma coisa inimaginável em Betim numa tarde de domingo. Mas o ônibus chegou bem rápido, e em pouco tempo estava na porta do teatro Santo Agostinho, conforme me indicava o scrap. Mas aí cheguei à conclusão que, ou meu amigo pretendia apresentar só para mim, ou que o teatro estava fechado mesmo e eu iria me cansar e ligar para minha mãe, completamente desiludida. Sim, o teatro estava fechado, a cadeado. Não figurava nenhuma alma viva nas redondezas. Apenas eu e meu celular. Contudo, uma senhora dobrou a esquina, mais tarde descobri seu nome, Dona Ana. A Dona Ana estava vivendo a mesma alucinação que eu, fomos ambas assistir uma apresentação que visivelmente não era ali. Após minutos no celular, ela descobriu que, na verdade, o local correto era o Teatro Pio XII, a míseros seis quarteirões dali. O que não era nada para sapatos recém comprados, que criaram bolhas que logo se estouraram. Segui descalça. Dona Ana se mostrou uma senhora simpática, animada, que agüentou os morros melhor que eu. Não sei o que teria acontecido se ela não estivesse lá. Aliás, sei sim, teria ligado para minha mãe, e o resto vocês já sabem.
Chegamos ao teatro; eu, com os sapatos na mão e suor molhando a roupa tão cuidadosamente escolhida. Ela, esbravejando a situação, esbanjando humor. Sentamos no fundo, e perdemos o início da peça; mas nada que atrapalhasse a compreensão do todo. O que eu vi ali foi a expressão do que eu estava precisando ver, valores que eu estava me esquecendo. A simplicidade do que foi mostrado destruiu as complexas desilusões onde eu estava me embrenhando, e saí de lá diferente. Dona Ana, chorando, com uma rosa nas mãos – ela ganhou durante a apresentação. Nós nos despedimos, impressionadas com o quanto coincidências – se é que elas existem de verdade – podem ser experiências tão gratificantes.
No fim das contas, não reclamo de nada, foi tudo providencial. É claro que foi bem difícil de explicar para a minha mãe que eu não estava enrolando ela quando disse para me esperar no teatro Santo Agostinho. Mas pouco importa; o aprendizado, o abraço e o sorriso dos meus amigos valeram todas as penas.

3 comentários:

Morgan disse...

Mariana!
Comecei a ler seu blog recentemente, e acho seus textos muito bons. Você tem um grande talento. Parabéns!!!
Ae, dá uma olhada no meu: http://morgan97.wordpress.com/
Valeu!
Bjo Mari!

Ato cena, Ator poesia disse...

E ai dona perquena moça

Um belo dia
Uma tarde assim
Quase igual as outras
Mais havia algo diferente
O contentamento de um ator
Ao ver em um belo soriso
Tua companheira de tarefa

Obrigado por vostra presença naquele dia

Janaína disse...

A Mary da naína como sempre tãaaao distraída!