terça-feira, 30 de junho de 2009

*Respira.*

Pode até ser por causa do Pink Floyd em excesso, das teorias da conspiração que têm chegado aos meus ouvidos recentemente, ou ainda, sincera falta do que fazer, mas fato é que hoje me dei conta de que somos todos estimulados a seguir o rebanho antes mesmo de termos consciência da sociedade que nos cerca.
“Pára de fazer arte, menino!”
Arte vira sinônimo de bagunça, contratempo; menino arteiro é aquele que dá trabalho para a mãe e é o terror das visitas.
“Deixa de inventar moda e anda rápido!”
Inventar moda é o que a criança busca fazer de novo, do seu jeito; é como se dissesse: não seja um vanguardista meu filho, pois não vai dar certo mesmo.
O problema não está no pito, mas nas palavras que são usadas, na associação de idéias que ela provoca. Somos, desde crianças, coagidos pelas pessoas ao nosso redor a esquecer a nossa visão única de mundo, e passar a enxergar tudo como todos, sem inovações, sem rebeldia, em nome da formação de pessoas iguais e previsíveis! A arte e a inventividade perdem seu caráter de expressão da criatividade individual em busca de uma uniformidade de pensamento. Não há porque ser diferente, afinal, foi mais do que comprovado que é de outro jeito que as coisas funcionam. Não tente, desista. Não mude, aceite.
Estou estupefata.

sábado, 20 de junho de 2009

Pingos nos i's

Ensinaram-me que chorar é a solução. Devia ser pequena ainda, bebê no berço, chorava instintivamente pelo alimento, proteção, presença. Quando criança, o choro era o apelo, a busca pela atenção, por um olhar mais expressivo no meu dodói e por vontades que eu julgava poderem ser prontamente atendidas. No colégio, aprendi que chorar comove professores, releva faltas e sensibiliza os coleguinhas. Chorar adia decisões, alivia dores, acalma. Mas, ultimamente, não está funcionando para nenhuma finalidade. O choro não traz mais consigo o conforto de outrora ,e nem o sono reparador. Ele me mantém acordada e sã, às voltas com meus medos. Se eu temo o presente ou o futuro, já não sei dizer. Fato é que preciso encontrar soluções que uma dúzia de lágrimas já não sabe fingir. Devo estar crescendo, afinal.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sal no seco

As janelas da minha alma só sabem ficar embaçadas,
em sincronia com os dias nublados que passam através da retina.
Sem sol
Os dias passam enevoados pelo desejo do sonho que insiste em se
[sobressair a realidade,
em um fingimento louco que me faz temer o momento da queda.
Vertigem.
Vivo fraca para viver a realidade, e muito mais para
[transformá-la.
Porém, mais dia menos dia ela surgirá para mim
Nua
Firme
sem pretensão nenhuma além das que eu mesma criei.
E quando todo o véu cair,
A tristeza da certeza será maior que qualquer lamento à luminosa
[lua cheia.