quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Reconstrução

Hoje, na minha ronda (quase) diária por blogs, percebi que eu preciso ainda de muito feijão com arroz para me tornar escritora. Tudo bem que esta não é a epifania da vez, mas é algo muito significativo para mim; Deixe-me explicar.

Entre minhas amigas, vejo que todas já se encaminham para o que gostariam de fazer vida a fora, seja desfilar, dar ou ser uma super-Bill Gates. Enfim, o futuro já está começando a ser escrito por cada um delas, enquanto ainda nem sei o que fazer no vestibular. Eis a minha atual incógnita, vestibular. Por que eu tenho que decidir os próximos 30 anos da minha vida no auge dos 16? Fazer essa pergunta para alguém que há seis anos queria ser presidente do Brasil é, no mínimo, irresponsável. Me lembrei do famigerado texto do Filtro Solar, de Mary Schmich. Nele ela dizia que os quarentões mais interessantes que ela conhecia ainda não sabiam o que fazer da vida. Será que o correto é deixar a vida te levar, e seja o que Deus quizer?

Advogada, médica ou engenheira. Médica não, porque eu odeio sangue desde pequena; mas enfim, será que na verdade, a única decisão que eu faço aos 16 é de qual das vidas monótonas e rotineiras eu devo seguir? Tentar imaginar um futuro onde eu esteja com 2 filhos brigando no banco de trás de um carro, discutindo o orçamento do conserto do banheiro com o bendito esposo no banco da frente, me relega ao desespero, passando pelo tédio. Sem dúvida, isso não é o que planejo.

Planejar. A noção de que a vida começará daqui a alguns anos, e que devemos nos preparar para ela é incutido em cada um desde criança. Mas nada garante que meu computador não exploda agora acabando com meu texto, e trivialmente, com a minha vida. Enquanto isso o tempo continua passando, and we missed the starting gun. Daqui a alguns anos, seremos todos velhos, reclamando da juventude, e interiormente invejando-a. Porém, não quero chegar aos 60 invejando as garotas de 16, ou pior, tentando imitá-las. Quero ter a serenidade das rugas, onde se verá nitidamente a expressão “dever cumprido”. Só me falta decidir o que terei de cumprir, pois tenho a certeza que farei com o maior afinco. E deixando de ser injusta com advogados, médicos e afins, cada um dele foi responsável por suas escolhas e conseqüências que delas vieram e decidiu onde aplicar seus anseios.

Um dos meus anseios é fazer a minha voz ser ouvida - ou lida. Escrever é o que me faz refletir, organiza a bagunça inerente aos meus pensamentos. É o que me acalma quando tudo se aparenta confuso até demais, mesmo que acabe não fazendo muito sentido. E nada mais reconfortante do que saber que alguém lerá seus textos, e compartilhará tudo o que foi escrito.

O que falta é a regularidade da escrita, porque com um texto mensal as coisas realmente não vão para frente (oi rotina, tudo bem?). Eis aqui a conclusão que me precipitei e escrevi logo no primeiro parágrafo. Então aguardem mais alguns dias, vou ali me fartar dessa famosa dobradinha brasileira, e espero retornar com textos (quase) diários.

3 comentários:

Anônimo disse...

E nada mais reconfortante do que saber que alguém lerá seus textos, e compartilhará tudo o que foi escrito.

eu li. e compartilhei. fim.

Lou disse...

Mariana Cara de banana...risos

Olha só , tenho 38 anos sou executiva e tenho uma filha de 4 anos.E se tem uma coisa que decididamente não cobrarei de minha filha é uma decisão aos 16 anos...fiz uma escolha e segui carreira em outra e aos 30 voltei pra faculdade pra fazer outro curso, sim...mais 5 anos na cadeira.Acho que se já existe na pessoa uma definição ok.Mas forçar essa decisão, nao mesmo.
É muita coisa para decidir...concordo.E apesar da rotina , do stress e da correria ...amo meu trabalho.E no fim ISSO É O QUE IMPORTA.

Juliana disse...

Pode saber que eu li e compartilhei.
Deve ser tão mais facil já crescer dizendo que vai ser médica ou coisa parecida (sem desmerecer, lógico)... Eu cresci dizendo q seria cantora hahaaaha... eu canto nas horas vagas. ;D
E sobre vc ser escritora? Tá no caminho, pode ter certeza.
bjoo