domingo, 26 de julho de 2009

Metade da noite meia

-Você quer me cantar?
Esquece num canto a solidão
É só chegar até mim, que eu te ensino a dança.
Largue logo a criança
Não seja tímido assim.
É um pra lá, dois pra cá
O terceiro pra casar.
Mantenha a conta nos lábios e contenha os pés:
Este é o segredo.

O rapaz levantou
Trôpego certeiro no caminho incerto
Seguiu a dama até o âmago do salão.
Poucos foram os olhos nos olhos
E muitos pés nos pés
No reduto da noite que já cedia às pressões do dia.

Porém
Mesmo do canto ao centro
Da surpresa ao contentamento por guiar tão bela dama,
O rapaz não provocou encanto: a moça não se sentiu guiada.
E ele dançou:
Por não saber a valsa
Nem os intrincados jogos do amor.

sábado, 4 de julho de 2009

Queridos Anônimos


“Ô paiê, quem foi Antônio Carlos? E um tal de Afonso Pena? E aquele outro, Carlos Luz?” Ele me informou que todos foram presidentes do Brasil, sendo que este, o último do meu interrogatório, teve o desplante de ficar apenas 3 dias no governo da nação. Satisfeita esta breve curiosidade, de infinitos nomes de pessoas nomeando partes da cidade, muitas outras surgiram. Algumas saciadas, como no caso que contei, outras ainda incógnitas. A atual e principal é a Biblioteca Estadual Luiz de Bessa; este não foi nem Presidente da República nem Engenheiro – como é o caso do Senhor que dá nome a minha rua. Procurei no melhor melhor meio para buscas deste tipo de pergunta, porém descobri apenas que ele também tem sua graça estampada na Escola Estadual Luiz de Bessa. Aquele outro ínfimo site de buscas também não ajudou. Quem foi este homem, meu Deus? Imagino o Sr. Luiz, um homem austero; usava óculos, promovia uma distância passível de respeito para as pessoas ao redor, mas era risonho nos almoços em família aos domingos, quando os filhos se lambuzavam no espaguete preparado pela Sra. Bessa. Foi uma criança ágil, atenta, e muito equilibrada. Um homem que não estava entre os demais, que mereceu honrarias, e hoje descansa. Só não decidi ainda se nesta vida ou nas outras; ou em nenhuma delas.

Na minha megalomania, imaginei a biblioteca Mariana Borges, guardiã de todos os conhecimentos que não tive a oportunidade de acumular em vida. Estaticamente pousada em uma rua de grande porte, mas que se renda ao movimento dos cidadãos a sua volta, e esteja lá para dar aquilo que não se gasta, que nunca é tomado de ninguém, a cultura e o conhecimento que só podemos compartilhar, promovendo sabedoria. Lugar de criar a sede da leitura, e promover calmantes para ela; mas nunca sará-la, relegando aos que a frequentarem os melhores paliativos para tal agonia, até a próxima semana. Aí um dia, alguém passará na sua fachada e também se perguntará quem foi aquela Mariana-sei-lá-o-que.
Estes são apenas capítulos do livro de quem se imortaliza no ignorado mundo dos mapas e dos referenciais; eterno e desconhecido: um nome, mais do que nunca. No caso do Seu Bessa, protegido pelas paredes idealizadas por Niemeyer e concebidas pelo então governador Juscelino Kubitschek, em 1954. Por maior que seja o meu desconhecimento em relação a ele, a admiração já é de bom tamanho.

*caham* Sim. Antônio Carlos não foi Presidente do Brasil. Maldita avenida que me confundiu.
É isso (: